terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cursos WMA - MG

Pessoal,

Temos poucos inscritos para o WFA (5 e 6 de novembro), e a WMA está cogitando cancelar esse curso. Isso seria muito ruim, já que quando fiz a consulta pela lista, surgiram muitos interessados.

Sei que ainda faltam mais de dois meses para o curso, mas como um dos instrutores vem do Canadá, eles querem ter uma indicação antecipada de que teremos quórum suficiente.

As informações sobre preços e inscrições estão aqui no site do GPAM: http://gpam-mg.blogspot.com/p/arquivos-cursos-wma.html

Vejam a programação em http://www.wildmed.com/blog/cursos-medicos-para-areas-remotas-naturais/
* CAD$ 1 = R$ 1,60 aproximadamente

Vejam ainda o excelente vídeo produzido pela Northern Cairn, empresa parceira da WMA, sobre um WFR http://vimeo.com/18946668 e imagens de cursos já realizados no Facebook http://www.facebook.com/home.php#!/media/set/?set=a.10150252713106583.324021.544731582.

Vamos lá pessoal, esses cursos são muito importantes para todo montanhista e não podemos perder a oportunidade de tê-los aqui em MG por um preço tão acessível!!!

sábado, 13 de agosto de 2011

Relato incidente na Pedra da Ferradura

Divulgando relato enviado para a lista da HangOn sobre incidente na Pedra da Ferradura em Petrópolis, ressaltando a importância do uso do capacete.


---------- Forwarded message ----------
From: Claudney Neves <claudneyneves@yahoo.com.br>
Date: 2011/8/12
Subject: [FEMERJ] Enc: Lições na Escalada - Acidente na Pedra da Ferradura
To: Lista Light <celigue@yahoogrupos.com.br>, Lista Hang On <hangon@yahoogrupos.com.br>, Lista Escalada no Ceará <escaladanoceara@yahoogrupos.com.br>, "FEMERJ@yahoogrupos.com.br" <FEMERJ@yahoogrupos.com.br>


Encaminhando...
Pra quem ainda duvida da importância do capacete.

Claudney Neves



----- Mensagem encaminhada -----
De: Anne Peixoto <annepeixoto@yahoo.com.br>
Para: Claudiney Neves <claudneyneves@yahoo.com.br>; Hans Rauschmayer <hans_rauschmayer@yahoo.com.br>; Daniel Taradinho <daniel.arlota@gmail.com>; Guilherme Silva <guisilva@infosites.com.br>
Enviadas: Quinta-feira, 11 de Agosto de 2011 20:48
Assunto: Lições na Escalada - Acidente na Pedra da Ferradura

Encaminhando ...



From: Alexandre Ciancio <aciancio@gmail.com>
To: CEB Lista <cebrasileiro@yahoogrupos.com.br>; cursodeguiasceb@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, August 8, 2011 11:26 AM
Subject: [cebrasileiro] Lições na Escalada - Acidente na Pedra da Ferradura


Pois é... eu que não sou de escrever muito, estou aqui pela segunda
semana seguida mandando um relato pra lista... desta vez, a ideia é
compartilhar duas importantes lições que aprendemos no último sábado.
Pra dizer a verdade, as duas lições já são velhas conhecidas dos
alunos de curso básico. Aquelas que repetimos mil vezes e que, apesar
de acreditarmos, sabemos de sua importância sempre através de
histórias que aconteceram com outras pessoas, nunca com a gente. Neste
sábado comprovamos a importância de duas delas. Confirmamos na
prática, aprendemos com elas, e esperamos que tenhamos nos
tornado montanhistas melhores com a experiência.

Já me adianto pra pedir desculpas pelo longo email, mas acho que esses
registros devem ser feitos da maneira mais detalhada possível, e o
mais rápido possível. Nossa memória é mais volátil do que podemos
imaginar...

Pra situar:

Eu, Márcia (pra quem leu o relato da semana passada, já sabe que ela é
minha participante perfeita :), Ricardo Barros, Simoninha, Tufo, André
Martins e sua fiel escudeira Paulinha, e Fernando Ferraz fomos à Pedra
da Ferradura em Petrópolis. O lugar é bem legal, com algumas vias em
móvel ótimas para quem está começando. O mato (que segundo relatos é
normalmente alto na base) havia sido queimado, o chão estava coberto
de cinzas e muita terra e cinzas tinham descido do cume, enchendo a
canaleta da direita (que é uma via em móvel de 2º III). Além disso,
talvez por ser um lugar pouco frequentado, talvez pelo fogo recente
(que pode ter expandido a pedra anormalmente) havia muitas e muitas
lacas soltas. André começou guiando a Paulinha pela canaleta, e muitas
pedras de tamanho razoável estavam completamente soltas, apenas
apoiadas na grande quantidade de terra e cinzas. Enquanto isso, eu ia
com a Márcia por uma via em grampos no meio da parede, que tinha
muitas lacas afiadíssimas prestes a cair, Tufo ia por uma bela fenda à
minha esquerda, onde a parede parecia estar mais consolidada. Ricardo
fazia com a Simoninha uma outra canaleta lá na esquerda, por onde
também havia descido muita terra e também com muitas pedras soltas.

Lição 1: SEMPRE use capacete.

Conforme escalávamos as vias, várias pedras caíam. Como todos estavam
de capacete (como sempre), decidimos continuar escalando, já que
estávamos protegidos. Para encurtar uma história longa (e um email
maior ainda), depois de rapelar a via do meio, entrei com a Márcia na
canaleta do lado, que já havia sido feita pelo André e Paulinha. Todos
os outros já haviam finalizado suas vias e Tufo, Paulinha e André já
estavam no rapel de descida, abaixo de mim, porém mais para a
esquerda. Eu tinha deixado a Márcia em uma parada móvel, abaixo de um
tetinho, e seguido para o cume, quando um bloco gigante escorregou
debaixo dos meus pés. Por sorte ele parou, mas um outro menor (cerca
de um palmo e pesando uns 2Kg) caiu. Apesar do tetinho, apesar de ter
se protegido, o bloco acertou o capacete da Márcia em cheio. Ela ficou
um pouco tonta na hora, mas estava lúcida e (aparentemente) bem.
Quando Tufo foi até ela, viu que ela sangrava, por baixo do capacete.
André, Paulinha, Ricardo e Simoninha estavam em uma parada já prestes
a rapelar quando me sinalizaram para descer logo, pois iríamos para o
hospital. Aqui confirmamos a importância da lição 2, mas deixem eu
terminar essa primeiro. Eu e Tufo fomos levar a Márcia ao hospital,
sem entender como era possível um MEGA galo e um corte de três
centímetros na região parietal por baixo (e apesar) do capacete, que
se encontrava com marcas de arranhão profundas e com o plástico
esbranquiçado na lateral (pela deformação que sofreu quando absorveu o
impacto). Apesar disso, Márcia estava bem, e depois de uma conferida
no Hospital de Correas, ficou confirmado que foi mesmo apenas um
grande galo e um bom susto.

Assim confirmamos, ao custo do susto e do galo, que o nosso amigo
capacete de fato é fundamental. Não temos a menor nesga de dúvida que
o ocorrido teria sido muito pior (e até fatal) sem ele. Vamos
condená-lo (ele está bem mais maleável que o normal na lateral) e
pendurá-lo na parede da sala. Aprendemos também que, apesar de
essencial, o capacete não faz milagre. Uma pedra maior, ou mesmo se
aquela acertasse a Márcia em outro lugar e também estaríamos com
problemas sérios. Achamos que apenas por estar de capacete estaríamos
totalmente seguros, e cometemos um erro de julgamento, que atribuo à
inexperiência: naquelas condições, não devíamos ter continuado na via,
apesar do capacete. Não podemos nos esquecer que os procedimentos de
segurança incluem observar o ambiente e os sinais que ele dá, e
avaliar o risco da situação envolvida. A própria Márcia e a Paulinha
já estavam com maus pressentimentos daquela chuva de pedras. Uma coisa
é uma pedra se soltar sem nenhum aviso, outra é ignorarmos tantos
sinais que indicavam que a chance disto acontecer era grande.

Lição 2: Backup e procedimentos de segurança tem que estar no sangue.

Repetir o mantra da montagem de rapel mil vezes torna o procedimento
automático. Fazemos tudo sem precisar pensar. E duplicar a segurança
(fazer o backup) é necessário por bons motivos. Sem duplicar, um erro
é fatal. Errar duas vezes (seguidas) já é bem mais difícil. No sábado,
errei uma. Quando cheguei no pessoal que estava com o rapel montado
para descer e levar a Márcia ao hospital, cheguei na parada, montei o
meu backup (como sempre) na corda de rapel, e me soltei. Reparem que
eu não disse que me prendi na parada antes de fazer o backup, nem que
montei o rapel. Ou seja: fiquei preso somente pelo cordelete de
backup. Na mesma hora percebi o erro e perguntei ao Ricardo: "Ricardo,
vc viu o que acabei de fazer?", e ele com o olhos arregalados olhando
para mim. A pressa é inimiga da perfeição e amiga dos acidentes. É
justamente nessas horas que temos que fazer tudo mais devagar e com
mais atenção. Mas tão importante quanto manter a calma acho que é
seguirmos os procedimentos corretos de segurança. Se eu não estivesse
tão habituado a seguí-los, talvez tivesse me soltado sem fazer o
backup.

Finalizando:

Ao fim do dia, o edema da Márcia já tinha desinchado completamente, e
no dia seguinte ficaram apenas as dores do impacto e na musculatura do
pescoço, que deve ter travado na hora. Minha linda, além de
companheira perfeita, é dura na queda, e já está pronta para outra
(escalada, não pedrada, vejam bem). Semana que vem tenho que ter muito
cuidado escalando, já que torci o mesmo pé que ela uma semana depois
dela. Sintonia é isso aí :)

Pra quem teve saco de ler até aqui, existe mais uma lição nesta
história. Escalar com bons amigos, todos conhecedores e conscientes
dos procedimentos de segurança, além de prazeroso e divertido, faz
diferença na hora de uma eventualidade. Tudo certamente foi mais fácil
por termos André, Paulinha, Tufo, Ricardo, Simoninha e Ferraz por
perto. Valeu, pessoal!

[]´s a todos
-Ciancio-